PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A felicidade é a meta da vida -
Todos lutamos para conseguir a felicidade. E é fácil: ‘Basta colocar felicidade onde estamos’. Esta é uma das primeiras frases que a gente, no seminário, escrevia no caderninho que chamávamos de “frases bonitas”. Não conquistamos a felicidade, nós a edificamos. Ela não elimina as dificuldades, os problemas e os insucessos. A felicidade está intimamente ligada com a realização de nossa vida, vocação, profissão e santidade. Jesus, ao descrever aos discípulos as bases do seu Reino, chama-os de felizes: “Felizes vocês, os pobres de espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacíficos, os perseguidos” (Mt 5,3-11). Curiosamente Jesus não diz o que se deve fazer, como num sermão. Ele reconhece uma situação existente não um projeto a ser realizado. Isso reflete a noção que a felicidade existe sempre e em qualquer lugar que a colocamos. A felicidade não se confunde com as coisas que possuímos. Ela não está no ter, no poder nem no prazer. Ela nos faz viver bem nestas três tendências fundamentais da vida. A felicidade está unida à felicidades que é Deus. Deus é feliz em si. Quanto mais estamos em nós mesmos, mais estamos em Deus e somos felizes. Não se trata de um egoísmo de ‘eu me satisfaço, eu me basto”. Não preciso de ninguém nem de nada para ser feliz. Pelo contrário: Quanto mais felizes somos, mais queremos que os outros sejam felizes. Tanto espalhamos felicidades, como acolhemos, isto é somos para os outros e acolhemos os que são para nós, pois a felicidade consiste no amor.
O amor, caminho da felicidade!
Tenho procurado compreender o sentido de vocação da felicidade e da santidade, que direcionam nossa vida. Santidade, felicidade e amor são o tripé que nos sustenta. Não foi sem razão que Jesus colocou o amor como o único mandamento, pois todos os outros mandamentos se resumem e dependem dele. Sem ele não existe o cumprimento total da lei. Vai haver felicidade se minha vida coincidir com o amor. É o ponto focal de tudo. Serei feliz se amar. Seremos infelizes se o amor não permear nossas posses, nosso poder e nossos prazeres. O que somos e fazemos se resume em amar. A infelicidade existe quando deixamos de amar. As bem-aventuranças, que Jesus reconhece nos seus seguidores, são nomes do amor. Nós nos preocupamos em cumprir os mandamentos, viver bem a vida cristã, rezar e tantas coisas mais. Mas sem o amor, não somos felizes
Onde vou amar mais?
O amor vai direcionar a escolha de nossa vocação, isto é, o modo de viver no mundo nossa opção pelo amor. Perguntei a um noivo: O que veio fazer aqui? Ser feliz. Então eu disse; pode voltar, não é por aí. Você veio para fazer feliz, isto é amar. Se cada um procura dar condições para o outro ser feliz, todos serão felizes. O amor é o critério básico para sabermos se uma vocação é autêntica. Ser padre, casar, ser religioso ou celibatário, são vocações autênticas, só se forem resposta de amor. Por aí podemos assistir o naufrágio de tantas vocações. E, para ser consistente, a vocação vai responder onde vou amar mais. Esse amor, que podemos chamar de maior, sustenta toda a vida e dá sentido a tudo o que se faz. A profissão deverá ser, não só um meio de sobrevivência que suportamos, mas uma expressão dessa vocação fundamental ao amor. Os que são chamados a se dedicarem a um seguimento mais próximo, colocam sua felicidade em cuidar dos sofredores, modo como Jesus escolheu para amar.
Art.nº845 - Setembro/2009
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