Dou continuidade às perguntas e respostas sobre o seminarista egresso:
11- Todos os seus problemas foram solucionados ou não?
Felizmente foram porque tive muita informação, compreensão e principalmente apoio. Os problemas não foram de difícil solução, apenas foi preciso um pouco de paciência, domínio de ansiedade para resolvê-los.
12- Ainda tem problemas que não puderam ser solucionados?
Não! Só existiria uma única situação que não poderia ser resolvida: Voltar a viver no seminário!
13- Como você se sentia nos primeiros dias ou meses fora do seminário, moralmente, socialmente, psicologicamente e sexualmente?
A princípio foi extremamente difícil. Considerava-me diferente de todo mundo e tinha muito contrangimento de estar em público, imaginando que todos estavam me olhando continuamente.Algumas vezes, quando conversava com alguém, principalmente sobre assuntos morais e religiosos, parece que estava num mundo diferente. A melhor adaptação no plano social veio apenas após 5 meses da minha saída, quando comecei a trabalhar. Mesmo assim sentia-me diferente e tornava o contato com as pessoas complicado. No que se refere ao sexo, de início muito me valeu o aprendizado no SRSA sobre a virtude da castidade. Consegui manter os princípios básicos e, lembro-me muito bem, li um livro que foi muito importante na orientação para o meu desempenho sexual: A VIDA SEXUAL DOS SOLTEIROS E CASADOS, do padre João Mohana.
14- Você se adaptou bem na vida leiga ou não?
Fiquei por um grande tempo afastado das cerimônias religiosas, até as missas.Isso porque estive voltado para a definição e manutenção do emprego e a composição de uma família. Sempre me mantive cristão e não deixei de lado as orações diárias e a própria fé, embora não desse continuidade à prática que exercia no seminário
15- O que falta para você se completar na vida leiga?
Saí do seminário em 1962. Em 1965, encerrava-se o Concílio Vaticano II que veio alterar, diga-se para melhor, os procedimentos católicos na liturgia. Como estive afastado todo o tempo que transcorreu após o concílio, senti e sinto até hoje muita dificuldade de adptação. Não consigo estar numa igreja com tanto barulho, falatório e movimento, quando sempre pratiquei meus atos religiosos numa capela onde a ordem era SILÊNCIO e ORAÇÃO, a CASA DO SENHOR!. Até este momento não pude ainda adptar-me a alguma paróquia por essa razão. Outro fato, tenho a impressão de que a questão social envolveu de vez os assuntos da religião, praticamente sufocando os princípios básicos do Evangelho, ainda que se fale mais dele agora do que nos outros tempos. Nesse ítem, muito me seria importante a orientação de algum colega.
Antônio Ierárdi Neto
Meus amigos e colegas, estou aguardando ansioso sua participação. Imagino que podemos criar aqui um forum sobre a situação do jovem que um dia idealizou o sacerdócio, mas que, por força da vontade divina, seguiu por outro caminho.
Dêem aqui suas idéias, comentários e testemunhos!
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