PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Vingança é doença ou maldade?
Embora no Antigo Testamento apareça vingança como restabelecimento da justiça, uma vitória sobre o mal, não é esse o modo e conceito que encontramos na práxis de Jesus.
Entendemos isso quando vemos que no Antigo Testamento foram criadas leis para a defesa dos membros do clã. Por outro lado a lei da santidade, que atinge a raiz do desejo de vingança, mostra a mudança que estava acontecendo, a suavização das leis de vingança, o início de um processo educativo para o povo. "Não terás em teu coração ódio a teu irmão... Não te vingarás... Amarás teu próximo” (Lv 19,17s).
O povo de Israel fez uma caminhada de transformação até chegar a Jesus, a plenitude do amor, do perdão e da misericórdia. Com Ele aprendemos o caminho da fraternidade que ensina a vencer o mal com o bem, a transformar todo ódio em amor. "Amai-vos uns aos outros” é para nós uma nova estrada de felicidade, porque só o amor nos purifica de toda a maldade.
A vingança destrói o sentido da vida e a crença em Deus. Surpreende-nos percebermos como as pessoas se enchem de ira e permitem que o desejo de vingança se aninhe em seus corações.
Os resultados da vingança aparecem cada dia nas telas dos meios de comunicação. Legitimamos a guerra, como legitimamos o aborto, o consumismo, como legitimamos as pessoas que produzem na sociedade a desigualdade social e a exclusão, que são causas da violência e da vingança.
Choramos os mortos do terrorismo e não percebemos as crianças que morrem de fome, as vítimas de uma política social excludente. Os ricos têm rosto, os pobres não o têm.
Será que nem a violência nos acordará um dia para combatermos a desigualdade, a fome, a exclusão, fatores que criam essa mesma violência? Quando é que vamos entender a linguagem dos fracos, dos países pobres e explorados?
Embora não seja esse o caminho, às vezes só a violência abafa o desejo de vingança que se acumula em muitos corações.
Como é difícil perdoar quando o coração está despedaçado pela dor ou quando a vida nos escapa das mãos por culpa de irmãos que não querem repartir e dar aos outros o direito de viver.
A vigilância é um dos meios que temos para isso. É preciso descobrir os mecanismos que tentam justificar a vingança e que estão dentro de nós. Descobrir o ninho do desejo de vingança e extirpar de nosso coração essa erva daninha e perniciosa.
"Amai-vos uns aos outros" se parece muito com as leis que temos em nosso país, que só valem para alguns.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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EDITORA SANTUÁRIO
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