PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Que fazer depois da aposentadoria?
Quantos são os sonhos daquele que sai de casa todos os dias para o trabalho quando começa a vislumbrar a chegada da época de se aposentar.
Duas realidades desfazem a alegria de quem poderia desfrutar dos sabores do sétimo dia. A primeira decepção é verificar para a maioria que a aposentadoria é pequena e até menor do que o salário que recebia. A segunda aparece mais tarde, é a preocupação do dia seguinte: que fazer no dia-a-dia? A grande maioria não consegue arrumar novo emprego.
Para o primeiro caso não há remédio, enquanto o país estiver nas mãos de espertos e permanecer numa sub-cultura. Para a segunda, a solução vem do exercício da criatividade. A vida é um ato criativo constante, onde a mente não pode aposentar-se e deve ser mantida em exercício, evitando o processo de deterioração. Aqui o imperativo categórico é criar, evitando o tempo vazio. Uma mente vazia é uma oficina da depressão; faz a pessoa envelhecer ainda mais, atirando-a diante de um aparelho de televisão ou permitindo que seus instintos e defeitos dominantes ressurjam do passado e tornem sua vida insuportável.
É bem verdade que na velhice a pessoa faz a soma de tudo. Quem foi aberto, agradável, teve uma visão feliz da vida, vai ser um idoso agradável, de fácil convivência; mas quem fez chover desgraças ao seu redor, pela intransigência, pelo mau humor, ranzinice, prepotência, será um velho rabugento, intolerante, insuportável até para os familiares. Imagine agora um desses aposentados, desocupado; que presente da natureza para quem tem de viver com ele.
O voluntariado oferece hoje um imenso campo para uma terapia ocupacional, já que nem sempre o Evangelho é um valor a se considerar. Mas quem nunca olhou para os outros com amor, não sei se terá capacidade de olhar agora.
É necessário encher o dia com atividades gratificantes, como encontro com amigos, ajuda mútua, aprendizado de artesanato, pintura, jardinagem.
Hoje os grupos da Terceira Idade são iniciativas que merecem nosso apoio e louvor.
Eles fazem renascer nas pessoas o gosto pela vida, proporcionam amizades, festas, passeios. Sabemos que é difícil para quem nunca se sociabilizou, abrir-se agora para essas atividades comunitárias. Mas quem não quer, vai ter de colher o que plantou pela
vida.
O trabalho na comunidade, o atendimento a doentes, o acompanhamento aos idosos nos asilos, também são fontes de nova energia para quem já sente o peso da solidão. A fé é, de todos, o caminho mais gratificante que existe. Feliz de quem a cultivou. Na modernidade temos de ficar espertos, quem confia muito nos filhos pode ir se acostumando com a “friagem do quartinho do fundo”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
EDITORA SANTUÁRIO
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