PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Os fariseus eram tão ruins como aparecem nos Evangelhos?
Os fariseus eram pessoas religiosas, acreditavam ser a verdadeira comunidade de Israel. Como chefes e membros influentes das comunidades alguns eram doutores e escribas, gente até bem preparada. Os não contaminados pelo farisaísmo eram pessoas espirituais, boas. Viviam em comunidades fechadas cujo ingresso era feito mediante rigorosa seleção de candidatos.
Eles se preocupavam em cumprir a lei e tentavam explicitá-las através de novas leis e tradições. Através da lei e da observância dos ritos, acreditavam que estavam angariando méritos de salvação.
A idéia de que os fariseus todos eram maus nasce da narrativa evangélica. De fato Jesus e os primeiros cristãos tiveram conflitos com os fariseus radicais. O pecado dos fariseus foi o fechamento, a obsessão pela lei. Talvez fosse até algo invencível neles.
Alguns fariseus convidaram Jesus para estarem em suas mesas, mas a radicalização na lei, sem olhar a prioridade da pessoa humana, fez com que recebessem de Jesus uma chamada forte.
Esse farisaísmo não foi só a tentação deles, é também hoje a tentação permanente na comunidade cristã. Ele continua em uma legião de pessoas incapazes de se abrirem pelo menos para perceber que a verdade não está só neles, mas pode ter muitas faces. Só eles sabem, só eles estão certos, eles interpretam, eles são os guardiões da ortodoxia. Apoiam-se em textos da Igreja e apavoram a todos os que buscam de coração sincero uma compreensão maior das verdades da fé e um modo mais atualizado de dizê-las. Todos os que falam diferente deles são uns irresponsáveis que prejudicam a comunidade. Parece que o Espírito Santo desceu só sobre eles.
Essas pessoas deviam ler e apreciar outras correntes de teologia, outras leituras bíblicas e serem honestos estudando questões controvertidas. Pelo menos deveriam reconhecer que o tanto que estudaram de religião não lhes dá o direito de condenarem os outros e de se transformarem em armeiros de Deus. Nesse meio de estudos há muitos teólogos que se debruçam sobre livros e pesquisas durante anos a fio, para serem chamados de irresponsáveis. As fogueiras da Idade Média já ficaram para trás. Hoje se trata de analisar perguntando: porque uma doutrina, se é tão clara e transparente, não consegue produzir frutos da fé e da caridade. Depois de tantos anos de cristianismo, perguntamos: o que está errado em tudo o que ensinamos para que haja no mundo tanta violência e ganância?
Fariseus e fundamentalistas não são propriedades de uma época, os jornais os trazem à tona todos os dias. Mais respeito faria bem.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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EDITORA SANTUÁRIO
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