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"Profissão Teólogo: Entrevista com Márcio Fabri
A diferença entre pastor e teólogo. Uma reflexão sobre a profissionalização do teólogo. Entrevista especial com Márcio Fabri dos Anjos“A confusão entre os papéis do teólogo e do pastor me parece inadequada, em especial por estas funções exigirem habilitações bem diferenciadas.” Esta é a opinião do teólogo Márcio Fabri dos Anjos. Em entrevista concedida à IHU On-Line, por e-mail, o professor falou sobre a presença da Teologia na sociedade contemporânea, sobre a possibilidade de reconhecimento dos cursos de Teologia por parte do MEC e das propostas de profissionalização do teólogo e as características sociais da proposta. Para ele, “as perguntas éticas da humanidade devam ser sempre assumidas pela Teologia”.
Márcio Fabri dos Anjos é Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália (1975). Ex-presidente da SOTER - Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (1991-1998); fundador e ex-presidente da SBTM - Sociedade Brasileira de Teologia Moral (1980-86). Diretor do Instituto Alfonsianum de Ética Teológica. É pesquisador e docente do Centro Universitário São Camilo, São Paulo; professor orientador de doutorado da Accademia Alfonsiana, da Pontificia Università Lateranense, Roma, Itália; professor de teologia moral no ISPES - Instituto São Paulo de Estudos Superiores e na Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção (São Paulo); assessor da CRB - Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil; membro da diretoria da SBB - Sociedade Brasileira de Bioética; membro da Câmara técnica de Bioética do CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
Tem desenvolvido estudos principalmente na área de bioética e religião, com ênfase em conceitos fundamentais como vulnerabilidade, autonomia, dignidade humana e argumentação ética.Destaco na entrevista quatro trechos:
IHU On-Line – Para o senhor, qual é o papel da Teologia na sociedade contemporânea?
Márcio Fabri dos Anjos – (...) A Teologia ganha particular relevância quando se percebe a estreita relação entre fé e processos históricos, fé e transformações culturais. Isto ficou claro com a Teologia do Político na Europa e a Teologia da Libertação na América Latina; e não menos claro nas contribuições da Teologia em grandes temas da atualidade como os fundamentalismos, questões de ética social, de ecologia e bioética. A Teologia é capaz de apontar razões para além da simples razão instrumental dominante em nosso momento cultural, o que me parece fundamental.
IHU On-Line – Como as mudanças propostas pelo MEC e pelo Congresso Nacional afetam a Teologia praticada e ensinada hoje?
Márcio Fabri dos Anjos – Há dois assuntos diferentes nesta questão. A possibilidade de reconhecimento civil da Teologia, monitorado pelo MEC, foi a meu ver um importante avanço para colocar a Teologia como forma de conhecimento em sociedade. Além disso, ao monitorá-la pelo viés da cientificidade, provoca uma gradativa abertura do pensar teológico para além das fronteiras confessionais em que ela se dá. Assim, o reconhecimento civil da Teologia é um processo que ainda não acabou; supõe outros passos, alguns bem complexos, mas todos necessários. Quanto ao que tramita no Congresso Nacional, refere-se a projetos sobre a profissionalização do “teólogo/a”. Envolve questões como as características sociais deste profissional, exigências sobre sua habilitação e seus direitos. Há que se perguntar também que interesses estão subjacentes a estes projetos. Em 1994, coordenei um estudo publicado dois anos depois com o título “Teologia: profissão”. Mas na época o interesse básico era o reconhecimento civil que veio alguns anos depois.
IHU On-Line – Os proponentes dos projetos em tramitação no Congresso Nacional estariam fazendo prevalecer suas trajetórias de pastores com prejuízo para a exigência de formação acadêmica superior em Teologia?
Márcio Fabri dos Anjos – Os dois projetos têm diferenças, mas em ambos é preciso olhar a questão da profissionalização com uma metódica suspeita, como observou o professor Ricardo Willy Rieth. Aparece ali uma convergência para um cadastramento dos profissionais da área, permitindo a suspeita de interesses econômicos subjacentes. Isto se soma a um alargamento do profissional “teólogo” para incluir também quem exerce funções de “pastor/a” e alargar assim o grupo de associados. Mesmo que não se verifique tal suspeita, a confusão entre os papéis do teólogo e do pastor me parece inadequada, em especial por estas funções exigirem habilitações bem diferenciadas. Se as comunidades confessionais exigem ou não uma formação e atualização teológica de seus pastores/as, esta é uma questão interna à comunidade. Em sociedade, a habilitação do teólogo/a está sendo monitorada e reconhecida através de exigências acadêmicas, que devem ser melhoradas, mas que já estabelecem passos em vista do serviço da Teologia em sociedade.
IHU On-Line – Pensar a Teologia como profissão pode vir a ser um desacato à experiência religiosa pressuposta no fazer teológico?
Márcio Fabri dos Anjos – A Teologia da Libertação ressaltou a estreita relação que existe entre teoria e prática. O modo de gerar conhecimento hoje também privilegia a aproximação com a experiência e a particularidade. A profissionalização da Teologia pode ser então um desacato à experiência religiosa, e também ao método teológico, na medida em que dela se distanciar, tornando-se como que uma burocracia teórica, ou uma teologia de gabinete. Por outro lado a profissionalização coloca uma pergunta interessante sobre a aplicabilidade da Teologia. Os grupos religiosos em geral vinham destinando o estudo teológico para a formação de seus líderes religiosos, padres e pastores. O termo “leigo” chegou a entrar no vocabulário como sinônimo de “estar por fora”. Em países como a Alemanha, o estudo da Teologia tem, de longa data, outros endereços. No Brasil, esta destinação do estudo teológico está mudando, e traz perguntas sobre sua programação curricular. Acredito que o momento atual seja muito imaturo para a profissionalização da Teologia, mas julgo necessário trazer para os currículos as perguntas sobre a destinação do estudo teológico."
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ResponderExcluirPadre Márcio Fábri dos Anjos CSsR....
ResponderExcluirConvivi com ele no SRSA...Um pouco de longe, é claro, pois ele era da turma dos maiores e eu da dos menores....
Parabéns Pe.Fábri ( Márcio!)!
Mas, no ensejo, existe um outro Pe.Fábri, cuja entrevista: - IRMÃO MANOEL ENTREVISTA O PADRE FÁBRI CSsR - foi publicada neste BLOG no dia 29.05.09... É o seu irmão Pe.Gervásio CSsR!
Família dentro da família REDENTORISTA!