Pe. Archimedes Zulian CSsR
Não tinha muita vontade de lembrar os tempos da Pedrinha. A pedido, cedi, e até que não foi tão ruim para mim. Meus tempos de Pedrinha somaram 6 anos: início de 59 até o final de 64. Se foram anos que não somaram quase nada na minha formação intelectual, certamente, no projeto de Deus, concorreram para minha afirmação
vocacional, e está aí uma plêiade de valorosos confrades que começaram sua formação na Pedrinha; alegro-me por ter dado minha contribuição.
A transferência do final de 58 foi a quarta nos meus primeiros quatro anos de padre. Não estranhei, pois não criara raízes em outro lugar, e no sistema antigo, valia a simples aceitação na obediência, e eu tinha fé de me adaptar onde fosse mandado. Iria trabalhar com o Pe. Brandão e com o Pe. Furlani; este, velho companheiro de curso.
Começavam as aulas, e nós nos mandamos para a Pedrinha, todos: alunos velhos e novos, quase 90, e nós os três padres(hoje chamaríamos de formadores), com bagagem de mudança e tudo, lotamos o caminhão. A três quilômetros de Guaratinguetá tivemos que descer e empurrar o caminhão, tão ruim estava a estrada, que o caminhão só
derrapava. Já foi o primeira prova. Pensei mais no diretor, Pe. Brandão, iniciando o novo ano, e tendo que enfrentar mais um semestre preso à Pedrinha. Ele sempre fez questão de não arredar o pé do Seminário. Cada volta ao deserto deve ter-lhe custado muito.
No seminário eu vinha substituir o Pe. Antônio Borges, como “padre espiritual”., professor e cura da capela de Nossa Senhora da Piedade e da capela de S. Lázaro, no Gomeral.
Como espiritual minha atribuição era ser o confessor ordinário e atender à parte espiritual dos meninos. Durante as missas o confessor ficava à disposição dos meninos, no quarto em frente à capela. Revezava-se com o diretor e o Pe. Furlani nas meditações da manhã. Durante as horas de estudo dos meninos ficava também à disposição deles para algum colóquio. Lecionava ainda religião, História Sagrada,
matemática e história do Brasil para o preparatório, caligrafia para todos, e, por algum tempo, também desenho. Aulas de canto, ficavam por conta do Pe. Isidro, às quintas feiras.
Eu não era o único confessor, pois todas as quartas-feiras vinham dois padres do seminário Santo Afonso para as confissões da Quinta feira, dando assim liberdade de escolha aos alunos. Os confessores mais freqüentes eram: Pes. Isidro, Vieira, Miguel Muniz, e também às vezes Pe. Matje e Pe. Pacheco. O encarregado de buscar os
confessores era o Pe. Furlani, com muitos outros encargos como de ecônomo, etc. que ele cumpria nesse dia. Quem levava de volta era eu, também com outros encargos, para aproveitar a viagem: compras, conserto de carro, levar meninos ao dentista ou médico, etc. A gente chegava à Pedrinha sempre à noite. A vinda dos confrades do
Seminário Sto. Afonso foi sempre um momento agradável para nós. À noite nos reuníamos para um bate papo, regado com guaraná acompanhado de bolacha , ou “mata-fome” do Zoza(pudim de pão). Cerveja, é coisa da modernidade. Geladeira, tocada a querosene, era quase um luxo...
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