ENTREVISTA COM.....
Padre Gervásio Fabri dos Anjos CSsR.
Site Redeman: - Pe. Gervásio, o senhor celebrou 42 anos de padre e 47 anos de consagração a Deus na Congregação dos Missionários Redentoristas; o que o senhor mais destaca nesta etapa de sua vida?
Gervásio: Toda moeda tem duas faces, dois lados; eu também posso dizer que de um lado sempre me senti feliz na Congregação dos Missionários Redentoristas. O Ideal de evangelizar os pobres, servir à Igreja no grupo dos Missionários, sempre me entusiasmou. Certa vez contei para o sr. Otávio, meu velho pai com seus quase 90 anos, algumas dificuldades que estava vivendo no meu trabalho. Ele apenas me ouvia. Deu uma volta no cigarro de palha no canto da sua boca e me disse: - "Filho, se não houvesse dificuldade na sua vida de missionário, não teria graça. É aí que você prova que você é missionário prá valer e gosta daquilo que escolheu!". Para ser sincero, fiquei comovido ! Não me arrependo de minha vida consagrada a Deus nestes anos, nem das dificuldades que tive! Outro destaque para mim importante é o fato de ser sacerdote. Penso que, no passar dos anos, todo sacerdote aprende e amadurece a sua experiência em amar com zelo os mais necessitados; a ser constante e generoso nos momentos difíceis; a perceber mais profundamente o sentido de sua vocação e sua missão. De graça recebemos o dom da vida e de graça doamos a vida aos irmãos!
Site Redeman:- Como sacerdote o senhor trabalhou em vários lugares e situações diversas, em Goiás nos anos de 1962; em 1966 em Garça; pregou missões em vários estados do Brasil; foi Pároco e orientador em Seminários. Quais experiências mais o marcaram ?
Gervásio: Olhando para trás, percebo que as experiências da vida vão se somando. Cada coisa, diz a Bíblia, tem seu tempo e sua hora. Assim nas etapas de nossa vida de padre temos alegrias e dissabores, momentos de ânimo e desânimo, mas sempre aprendemos alguma coisa e o tecido de nossa missão vai se formando. Lembro-me que certa vez fui enviado para o interior de Goiás, às margens do rio Araguaia. Uma senhora vestida toda de luto veio se confessar. Respondendo a minha pergunta do porque de seu luto, ela me disse, entristecida :" Padre, perdi seis filhos de maleita. Ontem, enterramos o último; agora sobraram só eu e meu marido. Vamos voltar para Minas Gerais e recomeçar nossa família." A dor daquela mãe me impressionou. Era como um ninho destruído e que fez a gente "padre novo" pensar muito, aprender a medir e tornar-se solidário com o sofrimento que nos cerca! Outra vez, conheci uma senhora da Legião de Maria, catequista de nossa Paróquia e da favela vizinha. Era simples, de piedade sólida e saúde precária. Quando lhe dei a Unção dos Doentes, ofegante e como a olhar para a eternidade de Deus ela pegou minha mão. Suas mãos eram geladas; olhos um tanto arregalados e fundos numa face emagrecida: -"Padre, vale a pena trabalhar por Deus, com Maria. Estou em paz, tudo passa muito depressa e aproveite para servir a Deus com amor e enquanto é tempo". Para mim a Nair é uma santa que me lembrava muito o sentido de minha missão de Missionário Redentorista. Deus tem seu jeito de arrumar pessoas para nos ajudar !
Site Redeman: - O senhor entrou no Seminário Santo Afonso, Aparecida, em junho de 1946. Guarda recordação deste tempo ?
Gervásio: Sim. Lembro-me que o padre Diretor Pedro Henrique, alto, pestanas grossas, olhar profundo, dizia-me com insistência, logo que cheguei: "Você está aqui para se tornar Missionário, Redentorista, Santo." Esta proposta de um ideal a ser conquistado marcou minha vida. Guardo boas recordações do seminário, pois, foi ali que meus professores e formadores me ajudaram alimentar e discernir a vocação; redescobrir, dia a dia, o chamado de Deus. É no decorrer da vida que se percebe os valores que nos foram transmitidos na formação, na disciplina de vida, na seriedade com os estudos; o amor ao grupo de colegas; o entusiasmo pela família redentorista e pela vida missionária. Tudo isto se tornou proposta de um ideal a ser conquistado.
Site Redeman: O senhor sente-se "padre velho"? Como foi sua convivência com os padres velhos?
Gervásio: Não me sinto padre velho naquele sentido pejorativo onde a sociedade endeusa a juventude, a beleza, a força física, a cultura do corpo e do prazer; e o "velho" se torna "sucata" e puro descarte. Vejo a velhice como parte importante do dom da vida. É uma etapa natural também para nós padres e que tem sua importância e valor. O padre mais experiente, idoso, torna-se memória viva do serviço a Deus e doação à causa da Igreja em favor dos redimidos. Eles tornam-se testemunhas através de seus cabelos brancos, face enrugada, mãos trêmulas, andar lento de quem caminhou muito na fidelidade do Senhor. Esta é a impressão que ainda tenho daqueles que nos precederam na vida de Redentorista. Devo-lhes muita gratidão ! É assim que me lembro do Irmão Bonifácio, Irmão Willibaldo, Irmão José, Padres João Batista, Antão Jorge, Andrade e muitos outros.
Site Redeman: Os Jovens de hoje vivem no mundo envolvido em grandes crises, provocadas por situações difíceis; qual sua mensagem para eles ?
Gervásio: Sonhar sempre! Quando o jovem deixar de sonhar ele está muito doente ou já morreu ! Sonhar com um ideal que dê sentido à sua vida, presente de Deus colocado em suas mãos à serviço dos outros! Eu me sinto feliz com este sonho! Ficarei muito contente se encontrar jovens que nos substituam neste ideal de ser Missionário Redentorista em favor dos pobres e abandonados ! A Juventude aceita desafios e gosta de realizar conquistas. Como jovem que fui, posso dizer-lhes que valeu e vale a pena a missão que abracei!
DO SITE DO IRMÃO MANOEL CSSR :
http://br.geocities.com/manostos/red.html
(clicar para ver melhor) IRMÃO MANOEL CSSR, NO SANTUÁRIO
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