E as tardes de domingo....Formavam-se grupos de 5 ou 6 que saíam para as famosas pescarias...Alguns iam pescar lambaris na sensibilidade do peixe no anzol ao deixar seguir a isca na correnteza. Outros iam debaixo de uma ponte e pescavam carás. Aqueles que não eram tão habilidosos com as varas, deixavam a isca repousar no fundo do ribeirão e conseguiam pegar os famosos mandis de ferrão afiado. Mas havia aqueles que pegavam um saco de estopa e davam “batidas” nas margens do rio, conseguindo cascudos e camarões de água doce...Muitas vezes comíamos ali mesmo os camarões ainda crus. Uma vez pegamos uma traíra(dentuça!) que estava “dormindo”...(Não é mentira de pescador!). Depois, tudo na mão do “seu” Zosa era frito para a degustação dos pescadores.
Outra opção aos domingos era subir o Morro do Gigante que havia ao lado. (O gigante que estava deitado!)
Entretanto, às 18h todos tinham que estar na capela, devidamente banhados e trocados para a bênção do Santíssimo, ao som do Tantum Ergo!
Com a maravilha do mundo da internet hoje consigo ver mais completas as obras de Cornélio Pires. Sim, o autor das aventuras mirabolantes, destemperadas e grotescas de Joaquim Bentinho. Por que essa lembrança? Ah! O Pe.Fernandes....Ele sentava-se numa das muretas do pátio interno, ficávamos sentados no chão em sua frente, ele abria um livrinho e lia:” ...JOAQUIM QUEIMA-CAMPO. É um caboclinho mirradinho, olhinhos vivos, barbica em três capões: dois de banda e um no queixo; bigodes podados a dente, desiguais e sarrentos; nariz de bodoque, aquilino, recurvo, fino, entre bochechinhas chupadas; dois dentões amarelos, os caninos, que só aparecem quando ri, quais velhos moirões de porteira abandonados; rosto em longo triângulo; cabeçudinho; cabelos emaranhados; orelhinhas cabanas, cada qual suportando o seu toco de cigarro, amarelentos e babados.De camisa, de algodão riscado, aberta ao peito, deixa ver pendurada no magro pescoço de cordeveias salientes, uma penca de "bentinhos", favas de Santo Inácio e patuás com rezas que servem para "fechar" o corpo e evitar mordedura de cobras.Baixinho, miudinho, desnalgado, perninhas finas e canelas luzidias, brilhantes ao reflexos do fogo, ao pé do qual nós reunimos todas as noites, o Joaquim Bentinho é um serelepe, espertinho e perereca...Observei que, como os outros roceiros, traz uma das pernas da calça arregaçada mais alta que a outra. Porque será? Depois de muito maturar, descobri que é para evitar que o enrodilhado de uma perna se esfregue no outro, ao ser mudado o passo, rustindo e estragando a roupa...Mas, vamos aos "causos"...”
Era o nosso programinha de TV, ao vivo, acompanhando as mímicas engraçadas do saudoso Pe.Fernandes, quando, com muito entusiasmo nos lia aqueles trechos interessantes do autor! Quantas vezes ele leu esse trecho e para quantas pessoas!
O Pe.Brandão e os seus confrades de lá sempre temiam pela integridade física dos jovens...
Um dia veio uma gripe contagiosa contraída na região e parece-me que esteve em diversas outras partes do país...Chamamos: Gripe Espanhola! Quase todos os colegas ficaram acamados...Como não fui dela acometido, passei a ajudar os poucos, que estavam sãos, a levar remédios, comida e água aos que ardiam em febre...Foram momentos de muita apreensão....Mas graças ao bom Deus, tudo passou sem quaisquer resquícios negativos...Todos sararam...e aí caí sozinho de cama...Uma vantagem: Tive muitos colegas disponíveis para cuidar de mim!
O Pe.Furlani, dirigindo a camionete..., ali vinha o nosso sustento...O Pe.Borges, a cavalo, ora dirigindo-se à vila de São Lázaro, para rezar a missa, ora mesmo na capelinha do bairro da Pedrinha, cuidando, para as pessoas de fora, dos assuntos de Deus.
Foram momentos inesquecíveis e muito oportunos para nossa formação. Éramos do PRÉSSA e sonhávamos o SSA, em Aparecida, depois Pindamonhangaba e finalmente Tietê.
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