continuação......
Falando em “seu” Zosa, lembro-me de da.Alzira, sua esposa, que cuidava da faxina, ajudava na cozinha e era uma “expert” em ervas...Uma vez, ao mergulhar na piscina, tive um impacto da água direto na orelha e a água entrou no meu ouvido. Este começou a doer talvez porque estava se iniciando um processo de inflamação...Era uma dor muito chata...A da.Alzira pegou umas folhas de uma plantinha que tinha ao lado de sua casa, ferveu-as, fez um caldo, embebeu o caldo num algodão e disse:
-Filho, vira a orelha!...-
Assustado, falei:
-Da.Alzira, se a dor que tenho é por causa da água que entrou, a senhora ainda vai colocar mais líquido no ouvido?
-Fica quieto menino e faça o que estou mandando...
Sem alternativa, obedeci e lá veio o caldo verde e quente...
De repente, no ato, a dor sumiu... Sumiu e não voltou mais...Os famosos chás e caldos da Da.Alzira...
Vinham os passeios pela serra....Que passeios! Naquelas mochilas de caserna iam a comida e os respectivos utensílios...Em latas grandes redondas que foram de extrato de tomate era acondicionado o arroz e o tutu de feijão feitos pelas mãos sagradas do “seu”Zoza...Uma caixa grande de marmelada ou goiabada que seriam recortados e compunham a sobremesa. Era a mochila que ninguém gostava de levar: a caixa de madeira machucava as costas.
Equipados com roupa de campanha e uma bela bota, saíamos estrada e picadas afora, logo depois da missa diária, mas ainda muito cedo, quase madrugada...
Havia os Campos, que estão cerca de 2.000mt acima do mar, era um local dos mais altos da região. Andávamos um trecho em estrada e outro bom trecho em uma picada sinuosa que parecia nunca acabar e a paisagem ficava escondida por arbustos iguais, que nos davam a sensação de não sairmos do mesmo lugar. Sentíamos alívio quando ouvíamos os mais ligeiros gritarem:
-Chegamos!
Alguns corajosos tomavam banho em águas daquele ribeirão cuja temperatura poderia ser de 6 ou 8 graus acima...Um pouco de descanso da jornada e , em seguida, formavam-se as turmas de 5 ou 6 juvenistas que iam fazer alguma aventura no local...Apenas aqueles que eram designados para a cozinha ficavam para preparar a refeição , que após abençoada pelo padre que nos liderava, era distribuída para a fila de jovens que pegavam os pratos de alumínio, os talheres e as canecas que serviam para receber a groselha geladinha, feita com água pura e cristalina do ribeirão. Um dia, nesse passeio, entrei na fila e fui pegando tudo o que havia: o arroz, o tutu, o ovo cozido, o pãozinho e a caneca de groselha.....
-Ufa, peguei quase tudo! – Assim dizendo e olhando para os demais, vi meu prato cheio escapar das mãos e emborcar no chão...Tinha de começar tudo de novo!(Ainda bem que não era necessário pagar!)
A volta era sempre mais fácil...só descida!
Na serra ainda havia os Pilões... Era um passeio que fazíamos apenas pela estrada, mas era mais longo...Até diziam que estava bem próximo da divisa de São Paulo e Minas Gerais.
Soube que em um desses passeios, um grupo de juvenistas ficou interessado em chegar à divisa, como tinha orientado o Pe.Fernandes. Esse grupo seguiu em frente em busca de um regato que atravessava a estrada que, segundo o padre, dividia os estados. O grupo foi em frente e alguns quilômetros adiante, chegaram ao “famoso” regato. Em meio a essa turminha havia um mineirinho, que passou por outro lado do riacho e começou a inspirar e expirar ruidosamente o ar...Ele sentia-se bem em estar no seu estado, Minas Gerais...
-Isto que é ar! Que ar puro! Melhor não existe! – e olhava ora o céu, ora o pessoal e batia levemente com as duas mãos socadas no seu peito...Os demais admiravam a alegria do mineirinho!
Entretanto, passou por ali um morador daquela região que, por certo, deixava a roça para o seu almoço ainda matinal. O grupo cumprimentou aquela pessoa e confirmou-lhe que eram os “fios” do padre... Ao ser perguntado sobre a divisa dos estados, ele balançou negativamente a cabeça e disse:
-Óia, menino, a divisa ainda fica a uns 10km daqui...aqui ainda é Estado de São Paulo!
E o mineirinho? Cadê?
Tinha sumido já quando o campônio havia balançado a cabeça!
segue....
Bons tempos! Mas o que fazia a satisfação do mineirinho era o acreditar que ali era sua terrinha amada. O Céu está aqui! Nós podemos nos fazer felizes e completos se acreditarmos, se onde nos colocarmos, estivemos com Deus
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