Os dias na Pedrinha!
Que lembranças tenho daqueles dias...
Tinha vindo ao seminário para ficar internado, considerando que minha mãe precisava trabalhar após a morte de meu pai.
Fui para o PRÉSSA, PRÉ-SEMINÁRIO SANTO AFONSO, na Pedrinha.
A princípio, fiquei muito assustado por não ficar nos cômodos bem instalados do SSA, SEMINÁRIO SANTO AFONSO, em Aparecida. Temi por não conseguir acostumar-me viver num local tão isolado da cidade, meio frugal, no campo...Vi um campo de futebol com algumas árvores ao lado e uma piscina sem azulejos, com uma ilha de concreto no meio....
Dormitórios muito simples, poucos banheiros, refeitório escuro...Capela bem diferente....
Era a minha primeira impressão negativa, após ter conhecido o SSA.
De repente surge o Pe.Brandão, sisudo, circunspecto e nos fez a primeira preleção...Era o diretor!
Tudo designado, lugar na capela, no refeitório, no dormitório, no salão de estudos...comecei a ambientar-me...
Fui tomando gosto...A simplicidade de vida começou a fazer parte de meus sentimentos e o entusiasmo por isso ia brotando...PADRE,MISSIONÁRIO,REDENTORISTA,SANTO!
Era nosso ideal....Era nossa vocação....
Em seguida, conheci um padre que falava baixinho, óculos pendurados no nariz, cabelos meio encaracolados... era o confessor e orientador espiritual...o Pe.Borges....
De repente, surge um outro, um tanto discreto e até meio tímido, a princípio, seria o professor de matemática, o Pe.Fernandes....
Enfim, aparece um outro, também de óculos, meio escuros, com as mangas da batina arregaçadas e olhar muito penetrante, era o Pe.Furlani.
Esta equipe de orientadores dariam início à minha formação cristã e cultural, quando estava saindo do período de infância...Que sorte! Que “time”! Com certeza foi o início perfeito para quem estava começando a escolher o que ser na vida...Surgia a vocação religiosa naquela congregação que prima pela disciplina, obediência, pobreza e objetivo na conquista das almas, pelas missões...
Iniciamos nosso dia a dia, em meio ainda a retoques na construção e aos caminhões de areia do Sr.Geraldo, o basculante branco, que vinha ora de Aparecida, ora do Potim...Quantas vezes andamos naquela carroceria...
E assim seguiu nossa vida campestre...
No inverno era muito frio...Mas alguns tomavam banho às 5:30h da manhã na piscina e depois ficavam até de braços de fora, porque a água parecia mais quente e adaptava nosso corpo à temperatura ambiente...Mas havia um ritual para conseguir-se essa façanha...Cinco minutos antes de soar o sino que nos despertava pela manhã naquela hora, debaixo dos cobertores, trocávamos a calça do pijama pelo calção de banho...A lado, dobrada e embrulhada na toalha, sobre nosso armário, ficava a roupa que iríamos nos vestir. Ao soar o sinal de despertar, levantávamos rapidamente, jogávamos na cama a camisa do pijama, pegávamos o “pacote” das roupas, correndo pelas escadas e por aquela descidinha da entrada, dirigíamo-nos até a piscina e sem parar um segundo, jogávamos ao lado as roupas embrulhadas e mergulhávamos na água. Se alguém parasse no meio do caminho, com certeza não teria coragem de pular na piscina. Às vezes deparávamos com uma cobrinha d’água, visto que era corrente de um regato que sobre isso, nos dava energia, supria nossa sede, mantinha a limpeza e era um dos principais “elementos” do “seu” Zosa... Lembram-se do Sr.Zosa? O homem do “mata-fome”(aquele pudim de pão nutritivo e pesado!) O nosso inesquecível cozinheiro...que, por tantas vezes, estava de pé às 3h da madrugada, preparando o nosso tutu de feijão para os passeios, aos Campos, Pedrona, Pilões e quando fazíamos a pé o trajeto de 15km até o SSA, em meio aquele eucaliptal que começava, mas demorava muito para acabar...
segue......
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