Transcrevemos a seguir o artigo de Pe. Raymond Douziech, CSsR da Província de Edmonton-Toronto que explica essa Parceria com os Leigos no Dicionário de Espiritualidade Redentorista, livro recém lançado pela Scala Editora - Província de Goiás.
Pe. Juan Lasso de La Vega, Superior Geral Emérito, em sua Communicanda 4 à Congregação, começou sua reflexão com estas palavras:
"Desde oprincípio a nossa Congregação esteve perto do povo, principalmente dos pobres e abandonados, e sempre procurou a colaboração com os leigos em sua obra apostólica." (Communicanda 4, n.3;col. Espiritualidade Redentorista, vol. 2, 111-124 e vol. 5, 3-16.).
É verdade que a Congregação desde o início foi caracterizada pela sua proximidade dos pobres. Essa proximidade teria um futuro promissor quando os leigos buscassem compartilhar mais profundamente do carisma Redentorista.
Desde o começo do seu ministério em Nápoles, Afonso preparou catequistas para ajudar nas Capelas do Entardecer (Hamish Swanston, Collaborators, the first hundred years or so).
"Elas (As Capelas do Entardecer) eram tão numerosas, que foi impossível providenciar capelães para todas. Afonso e seus companheiros, além de dirigirem reuniões, treinavam líderes para presidir e ensinar na oração e no catecismo." (Samuel J. Boland, Some Thoughts on Redemptorists and the Laity)
No entanto, é mais exato dizer que o enfoque de Afonso era o cuidado pastoral dessas pessoas mais do que o envolvimento delas na Missão Redentorista conforme é entendida hoje. Foi São Clemente que, logo depois de chegar à Varsóvia em 1787, reuniu grupos de homens e de mulheres "que formou para uma vida mais fervorosa e uma atividade na causa da religião" (Boland, ibid).
Essa associação tornou-se a origem dos "oblatos" da Congregação. Em 1804 a Sagrada Congregação da Propaganda aprovou a associação dos Oblatos com seus estatutos e o rito de admissão. A finalidade dos Oblatos era:
"santificar-se e promover a glória de Deus e o bem da Igreja, resistir às nocivas influências da época, sobretudo a difusão da má leitura. Eram exortados à prática da oração mental e da leitura espirituale se comprometiam a promover a vida cristã fervorosa com ênfase na leitura espiritual e na prática de retiros." (Boland, ibid)
A associação de São Clemente desapareceu e a prática de dar o título de Oblato tornou-se uma recompensa a amigos e benfeitoresda Congregação sem nenhuma referência à sua colaboração em nosso ministério. Embora os oblatos colaboradores em nossa missão tenham desaparecido, o conceito de leigos participantes de nossa missão não desapareceu. Michael Kratz (La Mission des Rédemptoristes belges au Bas-Congo, 1970) fala sobre a função crucial que os catequistas exerceram como genuínos colaboradores em nossas missões estrangeiras no Congo e na América Latina nos séculos XIX e XX. Todavia, coube ao Concílio Vaticano II abrir a porta a uma nova profundidade na compreensão da função dos leigos na Igreja e entre os Redentoristas.
Com a publicação do Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, durante o Concílio Vaticano II, começou uma nova era para a função dos leigos na vida e na missão da Igreja.
Como resultado, um crescente número de leigos respondeu ao chamado para o ministério, derivante de um novo sentido do seu batismo e da sua vocação batismal para a missão.
Ao mesmo tempo muitas comunidades religiosas deliberaram e planejaram esforços para partilhar sua espiritualidade, carisma e missão com os leigos.
A Congregação do Santíssimo Redentor também fez parte deste movimento. Como outros institutos, os Redentoristas, desejando partilhar seu carisma e missão, viveram uma certa confusão na terminologia e na compreensão do que significa convidar leigos para partilhar sua espiritualidade e colaborar no exercício da missão redentorista. Parece que as formas mais desenvolvidas de associação de leigos com a Congregação acontecem em três categorias:
- Participação na espiritualidade redentorista,
- Associação paraobra apostólica,
- Participação na vida comunitária redentorista como leigos.
Em cada uma dessas categorias encontramos vários graus e "intensidade" - desde uma vaga conexão, como rezar pela Congregação e sua missão, até construir comunidades cristãs; desde trabalhar lado a lado com os Redentoristas, até viver em comunidade ou fazer um compromisso como Missionários Leigos do Santíssimo Redentor.
A formação apropriada também varia, dependendo de ambas as categorias de associação e de grau de intensidade.
Existem elementos comuns a todas as categorias de associação:
- Desejo e motivação para ser associado,
- Processo de seleção feito pelos Redentoristas,
- Desejo de participar do carisma redentorista de interesse pelos mais abandonados, especialmente os pobres - e contato com eles,
- Uma espiritualidade que motiva e constitui a associação,
- Alguma forma de comunidade com os Redentoristas,
- Participação na missão Redentorista,
- Formação.
A formação depende do tipo de participação na vida e na missão Redentorista, depende da cultura dos indivíduos, de seus dons e educação e da sua compreensão da fé católica. A formação para a associação com os Redentoristas é um estudo multidisciplinar que trata de vários aspectos da vida redentorista. A formação deve ser:
- Flexível - satisfazendo as necessidades dos participantes,
- Holística - formação da pessoa toda,
- Afonsiana e redentorista - baseada na herança espiritual de Santo Afonso e na história/tradição da Congregação,
- Mútua - envolvendo compromisso dos Redentoristas e Leigos,
- Corresponsável - os Redentoristas e os associadostomam iniciativa e responsabilidade adequada ao nível de associação.
CONCLUSÃO
Há muitos que creem que a Igreja do século XXI será chamada a "Igreja dos Leigos". Talvez nós Redentoristas podemos dizer que junto com os leigos participantes de nosso carisma a Congregação no século XXI renascerá com um novo rosto. Este é um período estimulante de nossa história, quando Redentoristas de tantas parte do mundo abrem suas portas para introduzir leigos em sua vida e em sua obra. De vários modos a Congregação está vivendo as recomendações do XXIII Capítulo Geral que disse:
" que todas as Unidades valorizem a presença dos leigos como um elemento que enriquece e dá novas dimensões à nossa tarefa de proclamar a copiosa Redenção aos mais abandonados. Vemos isto como um sinal de nossos tempos, que nos abre sempr mais para sentir a Igreja como Povo de Deus e um mistério de comunhão. É a partir desta perspectiva otimista que o Capítulo pede que se continue a dar passos na formação e cooperação com os leigos até se alcançar uma verdadeira corresponsabilidade na proclamação da copiosa Redenção." (Orientações 7.4)
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1- Na sua opinião, até que ponto os leigos podem participar da missão redentorista?
2- Quais são as implicações e as responsabilidades para os Redentoristas e para os leigos?
3- Como podem os leigos permanecer fiéis à sua vocação e ainda participar do carisma redentorista?
4- Pode um leigo realmente "dar a vida pela copiosa Redenção"?
5- Este é de fato um "período estimulante da história" para os leigos e para os Redentoristas?
Pe. Raymond Douziech, CSsR