por CIMI/Adital
Mensagem de Dom Pedro Casaldáliga à Assembléia Geral do Cimi, enviada por vídeo e apresentada na abertura, na terça-feira, dia 4 de outubro.
"Reunida em assembleia geral, em tempos raríssimos, como dizia Santa Teresa, em tempos belos, que devem ser, simultaneamente, tempos de muito compromisso, de muita esperança.
Eu estava lendo, estes dias, o livro de Marcelo Barros, sobre Dom Helder Camara - Profeta para os nossos dias. Nos últimos dias de sua vida, Dom Helder falou para Marcelo: não deixa cair a profecia. Nós família do Cimi, os presentes na Assembleia, os espalhados por aí, devemos abrir os olhos, abrir o coração, e assumir a hora. Estamos convencidos de que não serão os governos de baixa democracia que resolverão os desafios maiores da maioria do nosso povo. Sabemos por experiência, que a causa indígena é uma causa que atrapalha. Os povos indígenas são inimigos do sistema. E das oligarquias sucessivas e os impérios sucessivos que agora são um macro-império volátil das grandes empresas, dos grandes bancos, que não podem falhar, porque falha a humanidade, parece.
Sentimos que mesmo aproveitando as brechas que os governos atuais nos dão, a nossa luta é maior. Devemos insistir no trabalho de conscientização no meio dos povos indígenas.
[É preciso] recordar também que é um momento de tentação, de cooptação, de divisão. Recordar que as autarquias do Incra, da Funai, do IBAMA, são apenas instituições marginais dentro do sistema, que existem para dar aparência de uma dedicação, de um cuidado.
De fato, a política indígena não é a favor dos próprios indígenas. A política agrária não é a favor do povo camponês. Sejamos conscientes. Sejamos críticos e autocríticos.
E mantenhamos a esperança. Pode falhar tudo. Menos a esperança. Estamos na tentação. Vontade às vezes dá de largar tudo. Quanto mais difícil o tempo, mais forte deve ser a esperança.
Na Romaria dos Mártires, celebrado agora em julho, recordávamos que fazer a memória dos mártires, é assumir as causas pelas quais eles deram a vida. É fazer memória de todos esses anos de Cimi, pelos quais tantos irmãos e irmãs, agentes de pastoral, agentes indigenistas, e os próprios índios, sobretudo, vêm lutando; vêm arriscando a vida; vêm dando a vida também.
Recordamos que uma palavra testamentária de Jesus diz; "Façam isso em memória de mim." Dêem a vida em memória de mim. Dêem a vida aos pobres, aos pequenos, aos povos indígenas.
Um grande abraço, e a paz subversiva do Evangelho".
Dom Pedro Casaldáliga, outubro 2011
Dom Pedro Casaldáliga
Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia
Fonte: Cimi/Adital
Recebemos os seguintes comentários:
ResponderExcluirDo Bicarato:
Caros Felício, Staliano e demais assentados à Tavola...
Tomo por mim: Como estamos, ou somos, insensíveis! De tanto ouvir, e ver, trazidas pra dentro de nossas casas, as atrocidades que se cometem contra fracos, pequenos, humildes, encaracolamo-nos em nossos ínfimos problemas, olhos voltados para nossos umbigos, e os profetas... Bem, os profetas devem falar para os OUTROS, não é para nós não!
Bicarato.
Do Carlos Felício:
staliano,nenhum comentario a seu texto enviado....
bom sinal....
o terreno está árido,
vou assistir o jogo brasil x mexico
ou escutar o gregoriano no aconchego do meu lar...
profeta o staliano
Do Luis Silvério:
Grato, Staliano, pelo envio da mensagem do profeta Pedro Casaldáliga, que simplesmente ignora sua saúde débil e, cada vez se mostra mais forte em sua pregação. Nas dificuldades, a esperança deve crescer, para não deixar a fé se desvair.
Um abraço.
Luiz Silvério
Do Pe. Luiz Carrilho:
Obrigado por esta peca fantástica da consciência cristã. É mais do que uma mensagem é uma profecia dos tempos veteros testamentários. Estamos unidos. Pe Carrilho