
Nossos horários compreendiam as missas diárias e orações, estudos com aulas em tempo integral nas segundas, quartas e sextas e em meio período nas terças e quintas. Tínhamos nossos momentos de lazer com jogos de futebol ou vôlei nas tardes de terças, quintas e sábados e nos domingos fazíamos algum passeio ora na Fazendinha, ora no Potim ou mesmo na visita ao novo santuário que começava surgir.
Num desses passeios à Fazendinha que ficava em Aparecida, do outro lado da via Dutra, lembro-me que voltava pela estradinha de terra na companhia de mais ou menos 20 colegas....
De repente ouvimos um grito estridente do caseiro da fazenda:
-OLHA A VACA BRABA!
Olhamos para trás e realmente vimos uma vaca pretinha, de cabeça abaixada e chifres em riste, dirigindo-se arfante e bufante à nossa direção.
No mesmo momento, todos saíram da estrada, passando pela cerca de arame.
Quando o caseiro domou aquela rês e nos devolveu a tranqüilidade, tentamos voltar à estrada pelo mesmo local de onde tínhamos atravessado. Mas como? A cerca era alta e o espaço entre os arames farpados era bem menor do que nossos corpos. Ficou-nos uma dúvida para qual até hoje não consegui explicação:
-Como saímos da estrada por aquela cerca alta e de arames farpados, colocados muito próximos uns dos outros, deixando pouco espaço para nossos corpos? E, mais intrigante, como não tivemos um único arranhão naquela hora de desespero?
Dizem que foi nosso instinto de conservação.....
Mas ainda sobre esses passeios, o Pe.Neri contou-nos uma historinha muito interessante. Tratava-se de um colega de sua época de nome Lancelote.
Em uma ocasião, quando saíram a passeio, o menino teve vontade de ir ao banheiro. Mas eles estavam no meio do mato e ali só havia moitas.
O Lancelote foi para trás de uma moita para poder fazer sua necessidade.
De repente surge uma vaca que começou a comer as folhas próximas da moita e da própria moita.
O Lancelote, não sabendo do que se tratava, ouvindo barulho muito próximo e percebendo movimento, levantou a mão, gritando:
- HEI! TEM GENTE!
Às tardes de domingo jogávamos futebol. A turma dos menores, no seu campinho que ficava entre o muro da rua e o campão dos maiores. Num patamar superior, à esquerda do campo dos maiores, estava o campo médio da turma dos médios. Era tudo muito proporcional.
Algumas vezes nosso time dos maiores, que contavam com bons jogadores principalmente do Amazonas e de Goiás, jogavam com algum time de fora. Até um time reserva da cidade de Aparecida veio uma vez e, como não poderia ser diferente, sob o comando do famoso titular Charles, venceu nossos colegas.
Quando festejávamos a festa de Santo Afonso, foi organizado um jogo de futebol entre padres, inclusive os do santuário, e os nossos seminaristas maiores.
Os seminaristas venceram.
Entretanto, foi muito marcante o momento de que nunca vou me esquecer. O Pe.Vitor Coelho de Almeida, que estava presente entre a torcida, de repente pediu para entrar no jogo. Arregaçou as mangas, prendeu as pontas da batina no cinto do rosário e foi para a área participar de um escanteio a favor do time dos padres....Adivinhem....
Ele fez o gol de cabeça....deu um pique feliz e saiu de campo realizado....afinal seus pulmões não agüentavam muito.....
ANTÔNIO IERÁRDI NETO
(Tampinha)
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