PADRE LUÍS KICHNER CSsR
Hoje em dia estamos acostumados e cercados por muitos símbolos e sinais religiosos: igrejas, templos, estátuas de Nossa Senhora em praças, cruzes nas paredes, lojas com nomes de santos. Mas durante a história da humanidade, nem sempre foi assim. Visitar um templo uma vez por ano era um grande evento. Poucos sinais visíveis, a não ser a própria mãe natureza, lembravam aos homens e às mulheres a presença divina. O que era uma lembrança constante, porém, era a união e o amor entre marido e mulher, o afeto que os pais mostram a seus filhos.
Casamento ou algo aparecido, ligado à família, era o sacramento natural que representava o amor eterno e a ternura de um Deus que, às vezes, parecia distante e longe dos detalhes do dia-a-dia. Quando Jesus deixou na sua Igreja o Sacramento do Matrimônio, a união matrimonial foi elevado até um novo status. O amor entre marido e mulher está baseado no amor que Deus tem para com a humanidade, e Cristo para com a sua Igreja. “Maridos, amai vossas esposas como vocês amam a si mesmos”.
Por causa do dilema e da confusão com a sexualidade (cf. o meu artigo neste site, no canal REVISTA Logos Teologia: Sexualidade como linguagem do amor), houve um atraso no desenvolvimento da riqueza deste sinal magnífico que Deus deu a sua Igreja. João Paulo II será lembrado por suas muitas contribuições. Uma será, com certeza, o ter sido o papa da vida matrimonial. Os primeiros dois anos de seu pontificado foram dedicados a uma reflexão seminal sobre os dois primeiros capítulos de Gênesis, um estudo sobre o amor, a sexualidade, a união de um homem com uma só mulher. Quero citar quatro pontos de sua grande carta encíclica Familiaris Consortio que servem como base teológica da família, uma das finalidades principais do Sacramento do Matrimonio.
1. FORMADORA DA PESSOA HUMANA. Na Família aprendemos nossas primeiras lições e virtudes. Somos formados para ser gente que sabe amar, servir, doar-se. A família abençoada com o Sacramento do Matrimonio é uma escola de amor, berço de tudo
2. PROTETORA E PROMOTORA DA VIDA HUMANA. A família preserva e promove a vida. Ela está contra o aborto. Não mata os velhos pela eutanásia. Ampara os membros mais fracos e frágeis. No intimo da família sadia, recebemos não somente vida biológica, mas o afeto, carinho e apoio necessário para enfrentar as dificuldades da vida.
3. MODELO PARA A VIDA SOCIAL E COMUNITÁRIA. Ao viver em família, aprendemos que todos somos irmãos e irmãs de uma forma ou de outra. Não se abusa, explora ou ataca o outro, mas se oferece amor, inclui todos, principalmente os mais pobres. A vida matrimonial e familiar orienta-nos a viver em comunidade, respeitando e promovendo os direitos e bem estar de todos que são irmãos e irmãs de uma só família. Os conceitos de nação e estado têm de assimilar o modo de ser da família, que inclui todos nos seus benefícios.
4. IGREJA DOMÉSTICA. A primeira igreja é a família, onde existe um clima de espiritualidade e piedade. Onde se reza. Onde Deus está presente, porque a família humana é o sacramento natural da SS. Trindade. (Cf. o meu artigo neste site no canal REVISTA, Logos Teológico: A Trindade, Arquétipo da Família - Família, Sacramento da Trindade). Pela união matrimonial e familiar, a família participa na vida e na missão da Igreja. Passar uma hora por semana no templo é muito pouco, se as pessoas não vivem o plano de Deus em casa durante a semana. O lar é lugar privilegiado para aprender os valores religiosos tão importantes.
Semana que vem, continuaremos a examinar outros aspetos e dimensões deste grande Sacramento que revela o que é o Amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.