Multidões de virgens foram sempre a honra e a glória da Igreja
25. Não podemos deixar de sentir profunda alegria ao pensarmos na inúmera falange das virgens e dos apóstolos que, desde os primeiros séculos da Igreja até aos nossos tempos, renunciaram ao casamento para mais fácil e inteiramente se dedicarem à salvação do próximo por amor de Cristo, e assim realizaram admiráveis obras de religião e caridade. De modo nenhum queremos diminuir os méritos dos militantes da Ação católica nem os frutos do seu apostolado: podem muitas vezes atingir almas de que não se poderiam aproximar os sacerdotes, os religiosos ou as religiosas. Todavia, é às pessoas consagradas que se deve sem, dúvida, atribuir a maioria das obras de caridade. Com ânimo generoso, acompanham e endereçam a vida dos homens de todas as idades e condições; e quando esses religiosos ou religiosas desfalecem com a idade ou as doenças, como herança passam a outros o múnus sagrado. Não raro é o recém-nascido agasalhado por mãos virginais, sem nada lhe faltar dos cuidados que nem a mãe lhe poderia prestar com maior amor; e se já chegou ao uso da razão, é confiado a educadores que o formam cristãmente e, ao mesmo tempo, o instruem e lhe modelam o caráter; se está doente, encontrará sempre enfermeiros ou enfermeiras que, por amor de Cristo, o tratem com dedicação incansável; se fica órfão, se vem a cair na miséria material ou moral, ou se é lançado numa prisão, não ficará abandonado: esses sacerdotes, esses religiosos ou religiosas reconhecerão nele um membro padecente de Cristo e lembrar-se-ão das palavras do divino Redentor: "Tive fome, e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino, e me recolhestes; nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me... Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isso a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,35-36.40). Quem poderá nunca louvar devidamente os missionários que se dedicam, no meio das maiores fadigas e longe da pátria, à conversão de multidões de infiéis? Que dizer finalmente das esposas de Cristo, que lhes prestam tão preciosos serviços? A todos e cada um desses aplicamos de coração o que escrevemos na exortação apostólica Menti Nostrae: "...Por esta lei do celibato, muito longe de perder inteiramente a paternidade, o sacerdote aumenta-a imensamente, porque não gera família para a vida terrena e caduca, mas para a vida celeste que há de permanecer perpetuamente".
26. Todavia a virgindade não é só fecunda pelas obras exteriores, às quais permite uma dedicação mais pronta e mais completa, mas também por formas de caridade perfeita com o próximo, como a oração por intenção dele e os graves sacrifícios por ele suportados da melhor vontade. A essa missão consagraram toda a sua vida, de modo especial, aqueles servos e esposas de Cristo que vivem nos claustros.
27. Enfim, a virgindade consagrada a Cristo constitui, por si mesma, tal testemunho de fé no reino dos Céus e tal prova de amor ao divino Redentor, que não é de admirar dê frutos tão abundantes de santidade. Inumeráveis são as virgens e os apóstolos que professam a castidade perfeita; constituem a honra da Igreja pela excelsa santidade da sua vida. De fato, a virgindade dá às almas força espiritual capaz de as levar até ao martírio: é a lição manifesta da história, que propõe à admiração de todos grande multidão de virgens, desde santa Inês até santa Maria Goretti.
A "virtude angélica" atesta o amor ardente da Igreja por seu divino Esposo
28. A virgindade merece bem o nome de virtude angélica. São Cipriano lembra-o com razão às virgens: "O que nós havemos de ser todos, já vós o começastes a ser. Possuis já neste mundo a glória da ressurreição; vós passais através do mundo sem as manchas do mundo. Enquanto perseverais castas e virgens, sois iguais aos anjos de Deus".A alma sequiosa de vida pura e abrasada pelo desejo de possuir o reino dos Céus, oferece a virgindade "como uma pérola preciosa", por amor da qual a alma "vende tudo o que tem e a compra" (Mt 13,46). Às pessoas casadas e mesmo aos que se revolvem no lodo do vício, a presença das virgens revela muitas vezes o esplendor da pureza e inspira o desejo de vencer os prazeres dos sentidos. Se santo Tomás pôde afirmar "que se atribui à virgindade a mais alta beleza", foi porque sem dúvida o exemplo da virgindade é atraente. Pela castidade perfeita, não dão todos esses homens e mulheres a prova mais brilhante de que o domínio do espírito sobre o corpo é efeito da ajuda divina e sinal de sólida virtude?
29. Apraz-nos considerar especialmente que o fruto mais suave da virgindade está em as virgens manifestarem, só pela sua existência, a virgindade perfeita da mãe delas, a Igreja, e a santidade da união íntima que têm com Cristo. No rito da consagração das virgens, o bispo pede a Deus "que haja almas mais elevadas a quem não seduza o atrativo das relações carnais, mas aspirem ao mistério que elas representam, não imitando o que se pratica no matrimônio, mas amando o que ele significa".
30. A maior glória das virgens está em serem elas imagens vivas da perfeita integridade que une a Igreja com o seu Esposo divino; e esta sociedade fundada por Cristo alegra-se o mais possível ao ver que as virgens são o sinal maravilhoso da sua santidade e da sua fecundidade espiritual, como escreve tão bem são Cipriano: "São flor nascida da Igreja, beleza e esplendor da graça espiritual, alegria da natureza, obra perfeita e merecedora de toda a honra e louvor, imagem em que se reflete a santidade do Senhor, a mais ilustre porção do rebanho de Cristo. Compraz-se nelas a Igreja e nelas floresce exuberante a sua gloriosa fecundidade; de modo que, quanto mais aumenta o número de virgens, tanto mais cresce a alegria da mãe".
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25. Não podemos deixar de sentir profunda alegria ao pensarmos na inúmera falange das virgens e dos apóstolos que, desde os primeiros séculos da Igreja até aos nossos tempos, renunciaram ao casamento para mais fácil e inteiramente se dedicarem à salvação do próximo por amor de Cristo, e assim realizaram admiráveis obras de religião e caridade. De modo nenhum queremos diminuir os méritos dos militantes da Ação católica nem os frutos do seu apostolado: podem muitas vezes atingir almas de que não se poderiam aproximar os sacerdotes, os religiosos ou as religiosas. Todavia, é às pessoas consagradas que se deve sem, dúvida, atribuir a maioria das obras de caridade. Com ânimo generoso, acompanham e endereçam a vida dos homens de todas as idades e condições; e quando esses religiosos ou religiosas desfalecem com a idade ou as doenças, como herança passam a outros o múnus sagrado. Não raro é o recém-nascido agasalhado por mãos virginais, sem nada lhe faltar dos cuidados que nem a mãe lhe poderia prestar com maior amor; e se já chegou ao uso da razão, é confiado a educadores que o formam cristãmente e, ao mesmo tempo, o instruem e lhe modelam o caráter; se está doente, encontrará sempre enfermeiros ou enfermeiras que, por amor de Cristo, o tratem com dedicação incansável; se fica órfão, se vem a cair na miséria material ou moral, ou se é lançado numa prisão, não ficará abandonado: esses sacerdotes, esses religiosos ou religiosas reconhecerão nele um membro padecente de Cristo e lembrar-se-ão das palavras do divino Redentor: "Tive fome, e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino, e me recolhestes; nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me... Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isso a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,35-36.40). Quem poderá nunca louvar devidamente os missionários que se dedicam, no meio das maiores fadigas e longe da pátria, à conversão de multidões de infiéis? Que dizer finalmente das esposas de Cristo, que lhes prestam tão preciosos serviços? A todos e cada um desses aplicamos de coração o que escrevemos na exortação apostólica Menti Nostrae: "...Por esta lei do celibato, muito longe de perder inteiramente a paternidade, o sacerdote aumenta-a imensamente, porque não gera família para a vida terrena e caduca, mas para a vida celeste que há de permanecer perpetuamente".
26. Todavia a virgindade não é só fecunda pelas obras exteriores, às quais permite uma dedicação mais pronta e mais completa, mas também por formas de caridade perfeita com o próximo, como a oração por intenção dele e os graves sacrifícios por ele suportados da melhor vontade. A essa missão consagraram toda a sua vida, de modo especial, aqueles servos e esposas de Cristo que vivem nos claustros.
27. Enfim, a virgindade consagrada a Cristo constitui, por si mesma, tal testemunho de fé no reino dos Céus e tal prova de amor ao divino Redentor, que não é de admirar dê frutos tão abundantes de santidade. Inumeráveis são as virgens e os apóstolos que professam a castidade perfeita; constituem a honra da Igreja pela excelsa santidade da sua vida. De fato, a virgindade dá às almas força espiritual capaz de as levar até ao martírio: é a lição manifesta da história, que propõe à admiração de todos grande multidão de virgens, desde santa Inês até santa Maria Goretti.
A "virtude angélica" atesta o amor ardente da Igreja por seu divino Esposo
28. A virgindade merece bem o nome de virtude angélica. São Cipriano lembra-o com razão às virgens: "O que nós havemos de ser todos, já vós o começastes a ser. Possuis já neste mundo a glória da ressurreição; vós passais através do mundo sem as manchas do mundo. Enquanto perseverais castas e virgens, sois iguais aos anjos de Deus".A alma sequiosa de vida pura e abrasada pelo desejo de possuir o reino dos Céus, oferece a virgindade "como uma pérola preciosa", por amor da qual a alma "vende tudo o que tem e a compra" (Mt 13,46). Às pessoas casadas e mesmo aos que se revolvem no lodo do vício, a presença das virgens revela muitas vezes o esplendor da pureza e inspira o desejo de vencer os prazeres dos sentidos. Se santo Tomás pôde afirmar "que se atribui à virgindade a mais alta beleza", foi porque sem dúvida o exemplo da virgindade é atraente. Pela castidade perfeita, não dão todos esses homens e mulheres a prova mais brilhante de que o domínio do espírito sobre o corpo é efeito da ajuda divina e sinal de sólida virtude?
29. Apraz-nos considerar especialmente que o fruto mais suave da virgindade está em as virgens manifestarem, só pela sua existência, a virgindade perfeita da mãe delas, a Igreja, e a santidade da união íntima que têm com Cristo. No rito da consagração das virgens, o bispo pede a Deus "que haja almas mais elevadas a quem não seduza o atrativo das relações carnais, mas aspirem ao mistério que elas representam, não imitando o que se pratica no matrimônio, mas amando o que ele significa".
30. A maior glória das virgens está em serem elas imagens vivas da perfeita integridade que une a Igreja com o seu Esposo divino; e esta sociedade fundada por Cristo alegra-se o mais possível ao ver que as virgens são o sinal maravilhoso da sua santidade e da sua fecundidade espiritual, como escreve tão bem são Cipriano: "São flor nascida da Igreja, beleza e esplendor da graça espiritual, alegria da natureza, obra perfeita e merecedora de toda a honra e louvor, imagem em que se reflete a santidade do Senhor, a mais ilustre porção do rebanho de Cristo. Compraz-se nelas a Igreja e nelas floresce exuberante a sua gloriosa fecundidade; de modo que, quanto mais aumenta o número de virgens, tanto mais cresce a alegria da mãe".
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