Pe. João A. Mac Dowell S.J.
É verdade que pensar que somos livres é uma ilusão? Li uma vez que tudo o que fazemos está determinado pelos nossos genes e pela nossa educação?
Para Jesus a nossa liberdade não é nenhuma ilusão, mas uma realidade central na sua mensagem. Ele repete continuamente que somos responsáveis pela nossa vida e seremos julgados segundo as nossas obras. Mas a crença na liberdade humana tem também um fundamento sólido na nossa experiência de cada dia. Se não fôssemos livres, não teria sentido elogiar ou repreender alguém pelo que ele faz. Se o cachorro morde, posso acorrentá-lo ou até bater nele para que aprenda a não fazê-lo. Mas sei que nem ele nem uma criança pequena age por decisão livre. Ao contrário, se um adulto ameaça a minha vida, não só procuro impedi-lo de agredir-me, mas também condeno a sua atitude, justamente porque sei que é livre para agir de outro modo.
É verdade que a nossa liberdade pode ser limitada por vários tipos de condicionamentos. Um grande medo, por exemplo, pode levar alguém a mentir, ou fazer coisas que não faria em condições normais. Um bêbado também não é senhor das suas ações. Sua responsabilidade é só indireta, enquanto poderia não se ter embriagado. Mas se bebe compulsivamente, a falta de liberdade já tem um caráter mais profundo e estrutural. Fatores biológicos ou sociais, como a herança genética e a educação, mencionados por Você, podem influir no nosso comportamento e restringir o espaço de nossas escolhas. Alguém será incapaz de decisões ousadas e revolucionárias, porque foi habituado desde pequeno a atitudes conformistas e resignadas.
Mas seria um erro, por causa desses limites reais, querer simplesmente negar a nossa liberdade e responsabilidade. Em geral, não temos dificuldade de nos atribuir o mérito de nossos sucessos. Mas diante das próprias faltas tendemos muitas vezes a desculpar-nos, descarregando a nossa culpa sobre outros. Se tenho este defeito, é por causa do jeito de meu pai, ou da educação que recebi, ou do ambiente de trabalho, ou porque todo mundo faz assim. Esta característica de nosso comportamento já foi desmascarada na história do primeiro pecado. Adão tentou se desculpar: "A mulher que me deste como companheira foi quem me deu a fruta e eu comi". E Eva, acusada, passa a responsabilidade ao tentador: "A serpente me enganou, e eu comi" (Gen 3,12s). Mas a grandeza do ser humano está na sua liberdade. Se, por falta de liberdade, não temos culpa de nossas faltas, também não somos responsáveis por tudo o que existe de belo,generoso e fecundo na nossa história e na história do mundo.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
É verdade que pensar que somos livres é uma ilusão? Li uma vez que tudo o que fazemos está determinado pelos nossos genes e pela nossa educação?
Para Jesus a nossa liberdade não é nenhuma ilusão, mas uma realidade central na sua mensagem. Ele repete continuamente que somos responsáveis pela nossa vida e seremos julgados segundo as nossas obras. Mas a crença na liberdade humana tem também um fundamento sólido na nossa experiência de cada dia. Se não fôssemos livres, não teria sentido elogiar ou repreender alguém pelo que ele faz. Se o cachorro morde, posso acorrentá-lo ou até bater nele para que aprenda a não fazê-lo. Mas sei que nem ele nem uma criança pequena age por decisão livre. Ao contrário, se um adulto ameaça a minha vida, não só procuro impedi-lo de agredir-me, mas também condeno a sua atitude, justamente porque sei que é livre para agir de outro modo.
É verdade que a nossa liberdade pode ser limitada por vários tipos de condicionamentos. Um grande medo, por exemplo, pode levar alguém a mentir, ou fazer coisas que não faria em condições normais. Um bêbado também não é senhor das suas ações. Sua responsabilidade é só indireta, enquanto poderia não se ter embriagado. Mas se bebe compulsivamente, a falta de liberdade já tem um caráter mais profundo e estrutural. Fatores biológicos ou sociais, como a herança genética e a educação, mencionados por Você, podem influir no nosso comportamento e restringir o espaço de nossas escolhas. Alguém será incapaz de decisões ousadas e revolucionárias, porque foi habituado desde pequeno a atitudes conformistas e resignadas.
Mas seria um erro, por causa desses limites reais, querer simplesmente negar a nossa liberdade e responsabilidade. Em geral, não temos dificuldade de nos atribuir o mérito de nossos sucessos. Mas diante das próprias faltas tendemos muitas vezes a desculpar-nos, descarregando a nossa culpa sobre outros. Se tenho este defeito, é por causa do jeito de meu pai, ou da educação que recebi, ou do ambiente de trabalho, ou porque todo mundo faz assim. Esta característica de nosso comportamento já foi desmascarada na história do primeiro pecado. Adão tentou se desculpar: "A mulher que me deste como companheira foi quem me deu a fruta e eu comi". E Eva, acusada, passa a responsabilidade ao tentador: "A serpente me enganou, e eu comi" (Gen 3,12s). Mas a grandeza do ser humano está na sua liberdade. Se, por falta de liberdade, não temos culpa de nossas faltas, também não somos responsáveis por tudo o que existe de belo,generoso e fecundo na nossa história e na história do mundo.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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